10/16/2010

A ENCARNAÇÃO DO VERBO (1)

Postado por Luís Filipe de Azevedo

“E o verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheia de graça e verdade”.

João 1.14

Porque Jesus teve que se tornar humano como nós? Como Ele pode ser plenamente homem e Deus ao mesmo tempo, sendo, todavia, uma só pessoa? Cristo precisou esvaziar-se de seus atributos divinos para se tornar um humano?

Essas perguntas refletem a importância de se abordar o tema “a encarnação de Cristo”, tanto para a comunidade cristã, bem como para o meio acadêmico–teológico, como fonte de pesquisas para maior amplitude de conhecimentos no que tange ao tema da Cristologia bíblica.

O evangelista João nos ajuda a resumir básica e biblicamente a seguinte verdade: “quando peregrinou por aqui, Jesus era plenamente divino e plenamente humano, mesmo sendo uma só pessoa”. Jesus se dizia Filho de Deus e Filho do Homem (Jo 1.48-51). Isso quer dizer, que Ele não era apenas divino, Filho de Deus, nem era apenas humano, Filho do Homem, como já disse, as duas naturezas habitavam nele ao mesmo tempo, logo, podemos chamá-lo de Deus–homem, Deus–encarnado, humanizado.

Se Jesus fosse somente Deus, Ele jamais poderia ser visto pelos homens como foi, estes não suportariam contemplá-lo na plenitude de sua glória. Se Jesus fosse somente homem, não teria realizado tantos milagres e mostrado sinal de poderio sobre a natureza. Não transformaria água em vinho; não faria do mar chão para seus pés andarem; não multiplicaria cinco pães e dois peixes pequenos a ponto de mais de dez mil pessoas comerem e até sobrar; não ressuscitaria o filho da viúva de Naim, nem Lázaro, nem a filha de Jairo. Porém, como era homem e Deus ao mesmo tempo, pode realizar todas essas coisas e muito mais.

“O verbo se fez carne”, se fez homem, humanizou-se de fato, e a compreensão dessa verdade abrange vários posicionamentos que se desenvolveram num ambiente de muitas controvérsias. E é partindo desse pré–suposto, que vamos abordar o tema.

Vemos no texto bíblico a razão da encarnação de Cristo, que tornou-se homem para manifestar a Sua glória aos homens, semelhante a do Deus Pai, cheia de graça e verdade. Também podemos afirmar, pela passagem de João, que Jesus não deixou de ser Deus para ser homem, isto é, não abriu mão de seus atributos divinos para se tornar homem, mas das glórias proporcionadas pela divindade, bem como do usufruto de seu poder divino para não levar vantagem sobre ninguém enquanto esteve aqui.

Por ora, é só.

Em Cristo, e aberto para discutir de modo sadio os assuntos,

Pr. Luís Filipe

7 comentários :

Caro irmão e teólogo Luís Filipe,

A paz do Senhor.

Como já tivemos oportunidade de conversar, tenho uma posição levemente (diria) diferente da sua, como tenho expressado em meu blog, através de alguns artigos. Mas respeito a sua opinião e parabenizo-o por escrever de modo tão claro, fazendo jus à sua formação e valorizando o vernáculo.

Em Cristo,

Ciro Sanches Zibordi

Unknown disse...

Caro pastor Luís Filipe

Volto a esse espaço (como fiz da primeira vez) para parabenizá-lo pelo texto que, além de bem escrito, está coerente (com a Bíblia e com o que o irmão escreveu antes).

Peço ao prezado companheiro que reveja o meu comentário no post anterior e verifique se há alguma indireta minha ou remissão para qualquer outro blog ou pessoas. Se houver, voltarei aqui e pedirei desculpas por quaisquer transtornos que possa ter causado ao irmão ou a qualquer outra pessoa.

O que não faço, é negar o que disse, dar uma de educado depois de ser o contrário e usar de falsidade e ironia.

Disso meu amigo, passo longe e tenho verdadeiro horror.

Um grande abraço

Caro teólogo Luís Filipe,

A paz do Senhor!

Como já conversamos por e-mail, a despeito de não concordarmos quanto à doutrina do Deus-Homem, estamos em paz, graças a Deus. Eu lhe disse que a razão principal porque escrevi a continuação do assunto em pauta não se deu por causa do artigo escrito pelo irmão. Havia a necessidade de tornar o assunto mais claro. E a prova disse é quantidade de irmãos que estão acessando as postagens em meu blog e comentando.

Sabemos que o Inimigo é mestre em promover intrigas, e me parece que alguém (ou algumas pessoas) está (ou estão) dando lugar ele, que não é o seu caso, é claro. Estou falando EM TESE, pois NÃO TENHO O MÍNIMO INTERESSE que os tais dirijam a palavra diretamente a mim.

Reitero, pois, que o meu comentário anterior, apesar de público, dirige-se EXCLUSIVAMENTE ao irmão e por isso não vou responder a indiretas infantis, que se lê aqui e ali, provenientes de quem, ao que me parece, não faz jus aos títulos que exibe. E lhe confesso que, como já foram, de minha parte, esgotadas TODAS as possibilidades de viver em paz com alguns, não tenho, agora, NENHUM interesse em manter diálogo com pessoas assim. Tudo o que dizemos é dito diante do Senhor. E Ele julgará como melhor lhe convier.

Em Cristo,

Ciro Sanches Zibordi

Estimado pastor Ciro, cordiais saudações.

Antes de mais nada, obrigado por seu comentário. Sobre a nossa divergência de idéias, isso já se resolveu pelo amor que há em Cristo Jesus!

Aprendi, certa feita, uma sentença de palavras que jamais esqueci e carrego comigo para todas as minhas aulas e ministrações, principalmente quando tratam de assuntos "polêmicos". A frase é atribuida por Millard J. Erickson à Rupertus Meldenius, vulgo Peter Meiderlin , também chamado Pedro Meuderlinus (nascido em 22 de março, 1582 em Oberacker em Maulbronn, morreu 1 de junho de 1651 em Augsburg) que foi um teólogo luterano e educador.

Eis o pensamento:

"Nos essenciais, UNIDADE,
nos assuntos de dúvida, LIBERDADE,
em todas as coisas, AMOR".

Que tanto eu, você e todos os irmãos em Cristo da face desta terra possamos ter, ao mesmo tempo, UNIDADE, LIBERDADE E AMOR. E, parafraseando as palavras do apóstolo Paulo, nós todos bem sabemos muito bem que a maior das três palavras (ou virtudes) citadas acima, sem sombra de dúvidas, é o AMOR.

Deus te abençoe meu amado,

Pr. Luís Filipe.

Querido pastor César, obrigado mais uma vez por visitar meu blog.

Digo, sinceramente, ao meu irmão amado, que não percebi qualquer indireta ou remissão sua a qualquer pessoa ou blog. Aliás, suas palavras foram bem dirigidas a mim e ao meu singelo texto. Não vejo razão para um pedido de desculpas nem a mim e nem a ninguém, pois não causastes, pelo que sei, quaisquer transtornos a ninguém, muito menos a mim, que que o considero um amigo do qual sou conservo. Também não vejo motivos para negar o que disse.

Fique sempre a vontade para expressar seus pensamentos aqui. Saiba que o senhor é sócio aqui no meu blog... rsrsrs.

Meu caro, um forte e fraterno abraço.

Pr. Luís Filipe.

Caro Irmão
Luís Filipe, no blog do pastor Ciro teve uma pergunta sobre esse tema, os 100% Deus e 100% homem: Se Jesus por ser 100% homem se ele teria atração sexual como nós temos, O pastor Ciro foi muito claro dizendo que não, que isso nunca poderia acontecer, já que ele defende que o Senhor Jesus não foi totoalmente humano igual a nós. Pergunto:o irmão concorda com essa posição ou não e porque ?
Grato pela atenção.
fique na paz do Senhor

Caro irmão Vagner,

Saudações cordiais.

Sou grato ao amado pela visita ao meu singelo blog.

Como o irmão deve ter percebido, tenho uma opinião diferente da do pastor Ciro Sanches quanto a humanidade de Jesus, pois ele não concorda que o Nazareno fora 100% homem, como a maioria dos cristãos acredita. Bem, ele tem total liberdade para isso e, segundo ele, o faz com base nas Escrituras Sagradas.

Vi, tanto aqui quanto lá no blog do pastor Ciro, que a sua pergunta é muito sincera. Porém, posso adiantar ao irmão que não é uma pergunta comum, nem mesmo em ambientes teológicos.

Uma vez, quando eu era diretor administrativo de um seminário teológico no Rio de Janeiro, fiquei sabendo que surgiu uma pergunta em sala de aula a um de nossos docentes um tanto quanto inusitada. A pergunta era: Jesus, enquanto homem, tinha umbigo? E, eu me lembro muito bem, que a resposta do professor foi categórica dizendo que não! Não, dizia ele, Jesus não tinha umbigo porque isso seria uma prova cabal de que tinha pecado.

A reposta desse professor foi formulada do seguinte ponto de vista: Se Jesus tem umbigo, logo Ele foi alimentado, dentro da barriga da sua mãe, com o sangue contaminado pelo pecado vindo do corpo de sua mãe. Eu confesso que não sei de onde ele tirou essa reposta (risos). Tive que chamá-lo para uma conversa séria!

Veja só onde pretendo chegar. Eu vejo que, para certas perguntas nossas, a Bíblia não dá respostas assim tão claras como presumimos. Uma exemplo é essa pergunta que fizeram lá e o irmão está reproduzindo cá. É claro que eu tenho minha opinão sobre o assunto e que ela se baseia na concepção que tenho a respeito da humanidade do Meigo Nazareno. Porém, não posso ser simplista em minha resposta, pois sou um formador de opinião entre os meus alunos, entre os que me ouvem no púlpito das igrejas que tenho oportunidade de pregar e entre os que me lêem. Por essa razão, vou pensar melhor sobre o assunto e responder ao meu irmão com o meu próximo artigo do blog, onde pretendo alistar alguns pontos da minha fé sobre a pessoa de Cristo, para que daí o irmão possa deduzir minha opinião sobre o assunto.

Consciente de minha ignorância e de que esse é mais um assunto da fé do que da razão é que me despeço...

Um forte abraço querido,

Pr. Luís Filipe.