10/17/2010

A ENCARNAÇÃO DO VERBO (2)

Postado por Luís Filipe de Azevedo

Antes de entrarmos no assunto propriamente dito, é mister considerar a extrema necessidade de um estudo de algumas opiniões a propósito da pessoa de Jesus. Faremos, um breve levantamento dessas opiniões e perceberemos as variadas e controversas concepções sobre o “Jesus histórico”, esse humano que é Deus, esse Deus que é homem. Vejamos as que mais se destacam:

Os Ibionitas

Esse grupo tinha como título um nome que no original hebraico significa “os pobres” ou “os indigentes”. Eram judeus cristãos apegados aos cerimoniais mosiacos. Na verdade, formavam ema seita difusora de heresias. Divididos em dois grupos, os mansos e os rígidos, eles negavam a realidade da natureza divina de Jesus, considerando-o simplesmente um homem comum como os outros, possuidor de dons e virtudes incomuns, mas não sobre-humanas ou sobrenaturais.

Rejeitavam o nascimento de Jesus por meio de Maria (virgem) somente. Para eles, Jesus nascera do relacionamento sexual natural de um casal.

Acreditavam que foi no batismo que Jesus foi revestido do Cristo, como que por uma influência e não como por uma fusão na personalidade. Dizem que, na cruz foi retirado o Cristo de Jesus, para que este último, individualmente, sofresse e padecesse até a morte, visto que o Cristo não poderia morrer, porque Deus não morre.

O que se entende dessa concepção é que Jesus para eles foi mero homem com poderes e virtudes incomuns. Não era Deus, pois defendiam o monoteísmo (um só Deus).

Os Gnósticos

Estes foram contemporâneos dos ibionitas e havia pelo menos três classes deles: os Docetas (original dokeo, “parecer”), que negavam a realidade do corpo de Cristo; os que criam no seu corpo como realidade, mas negavam sua materialidade e os que acreditavam que Cristo e Jesus eram, ou são, duas pessoas totalmente distintas.

Os gnósticos afirmavam que Jesus não possuía corpo físico porque, tendo Ele corpo, logo poderia se afirmar que tinha pecado, visto que a matéria é inerente à maldade e ao pecado. Porém, há um texto bíblico que por si só refuta esse argumento gnóstico: “E, visto como os filhos participaram da carne e do sangua, também ele participou das mesmas coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo,...”(Hb 2.14).

Até o próximo texto da série...

Pr. Luís Filipe

2 comentários :

Marcelo de Oliveira e Oliveira - RJ disse...

Prezado Pr. Luis Felipe,

Paz e Bem!

Quero parabeniza-lo pela série de textos que engloba as considerações bíblica-histórica-teológica da Cristologia. O assunto em apreço, representa, sem dúvida, o período crucial da história do cristianismo. O concílio de Calcedônia (451 d.C/certamente será tratado na sua série) deu uma resposta oficial para não deixar dúvidas sobre a plenitude humana e divina de Jesus de Nazaré. É bom lembrar que as decisões do período antigo da Igreja englobam fontes humanas (discípulos contemporâneos dos apostolos do nosso Senhor, ou seja, Os pais apostólicos e pós-apostólicos); históricas (documentos circulares das comunidades eclesiásticas) e exegéticas (séries de reflexões sérias feitas através dos séculos por exegetas hávidos por conservar a singularidade do KERIGMA). Conforme Alister Mc Grath, se o cristianismo seguisse o caminho de Ário ou dos monofisistas (etc...), ele estaria fadado a simplesmente acabar como aconteceu com as comunidades que seguiram os monofisistas e arianos, por exemplo.
Portanto, congratulo-me com o prezado Pastor, porque particularmente, sinto orgulho em ver um pentecostal fazer esse trabalho com seriedade, mostrando de uma vez por todas que o caminho da reflexão teológica no ambiente pentecostal é sem volta.

Certo que Jesus é plena e genuinamente divino e humano (100% Deus e 100% Homem), sem priorizar qualquer das duas naturezas, mas entendendo que elas são indivisíveis e plenamente inseparáveis,

Cordialmente,
Rio de Janeiro - RJ.

Caríssimo irmão Marcelo, muito bom tê-lo aqui.

Suas palavras me deixaram muito feliz! Pois elas refletem sua sapiência e ao mesmo tempo companheirismo. Sapiência, porque mostram o quanto estás familiarizado com o tema abordado e companheirismo, porque contribuiu, em abundância, somando àquilo que venho escrevendo neste espaço da grande rede. Inclusive, gostaria de me unir ao irmão e recomendar aos amados internautas, mesmo sem ganhar nada com isso, um livro escrito pelo autor que citastes: Alister E. McGrath. O nome do livro é: "TEOLOGIA - Histórica, Sistemática e Filosófica", Editora Shedd. Este autor, tem sido considerado um dos acadêmicos mais sensatos na área da teologia hoje.

Aproveito também para dizer que eu é que posso me orgulhar de ver pessoas como irmão escrevendo aqui... meus agradecimentos sinceros.

Um forte e fraternal abraço,

Pr. Luís Filipe.