8/03/2012

UMA PALAVRA SOBRE HEBREUS 12.1

Postado por Luís Filipe de Azevedo


UMA PALAVRA SOBRE 
HEBREUS 12.1


Hebreus 12.1:   

"Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta"


As experiências de fé dos pais significam um fortalecimento direto na luta de fé da igreja na atualidade. O autor apostólico tem em mente idéias semelhantes a Paulo na carta aos Romanos: “Tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, para que pela perseverança e pelo consolo das Escrituras tenhamos a esperança” (Rm 15.4; cf. 1Co 9.10). O que ele afirmou acerca da vivência dos homens de Deus do AT refere-se, portanto, diretamente à vida de fé da igreja. É por isto que ele faz uma ligação direta com Hb 11.40, dizendo: “Portanto, também nós…”
Nas questões de fé, a igreja se encontra no mesmo nível que os pais. Disto decorre, porém, também uma responsabilidade: nós assumimos uma herança, temos de administrá-la e de transmiti-la pura à próxima geração! Ele utiliza uma figura muito recorrente na Antigüidade. O cristão é comparado com um atleta que corre no estádio ou na arena para conquistar a coroa da vitória, enquanto milhares de espectadores nas arquibancadas são testemunhas da disputa. Um acontecimento da vida esportiva de nossa época assemelha-se bastante a esta comparação: o fogo olímpico é levado pelo país, um corredor passa às mãos do outro a tocha ardente, até que o último a traz ao estádio na presença de uma multidão incontável de pessoas.
A grande nuvem de testemunhas que o apóstolo apresenta aos fiéis, não apenas é o sem-número de testemunhas do AT, que vêm ao nosso encontro na palavra da Escritura (Hb 11). Pelo contrário, temos de entender esta palavra no sentido original: a multidão dos espíritos (tendências, disposições, exemplos, traço característico de fé) dos justos aperfeiçoados (Hb 12.23) participa da caminhada da igreja na terra, a igreja triunfante está em conexão com a igreja que luta e sofre. A situação terrena da igreja requer dos fiéis que concentrem as forças disponíveis num único alvo. Deve ser evitado tudo o que nos poderia impedir na caminhada após Jesus, também tudo o que é “bom e belo” e que tenta envolver e prender nossas forças intelectuais, psíquicas e físicas e nos afasta de Cristo. O empecilho decisivo para a luta da fé é o pecado. – Faz parte de sua natureza o fato de que aparentemente não pode ser notado. O que não favorece nossa vida de fé não cabe em nossa vida (cf. Fp 4.8,9).
Nossa vida como cristãos exige as mesmas premissas que uma competição no estádio (1Co 9.24-27). Treinamento incansável e persistência tenaz são necessárias para se conquistar o prêmio da vitória. Isto somente é viável mediante o empenho de todas as forças e observando-se disciplina própria extrema. Seguir a Jesus não é igual a um passeio inofensivo, mas demanda o empenho máximo de nossas forças. Nem há outro caminho senão que repetidamente nos disponhamos, por causa do serviço a Jesus, a renunciar a coisas que a princípio nos são permitidas como cristãos. E nesta luta de fé não podemos esmorecer.
As testemunhas de fé do AT nos exortam para que corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta (“corramos com paciência na luta que nos é ordenada” [tradução do autor]). A luta da fé aproxima-se de nós inevitavelmente. Não podemos contorná-la. Porém, apesar disto ela nos foi ordenada por Deus. Logo, não é algo antidivino, que pudesse nos atormentar. Neste aspecto não devemos incluir somente tribulações e aflições pessoais por meio de dificuldades na família ou na profissão, por ocasião de enfermidade grave ou através da perda de todos os bens – aflições que os não-cristãos também conhecem! Repetidamente trata-se da forma pela qual nós nos relacionamos individualmente com a igreja toda. São as aflições que atingem a igreja e envolvem nossa vida pessoal que estão especialmente na perspectiva do apóstolo. Somos lembrados da palavra que Jesus falou a seus discípulos nos discursos de despedida: “Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa” (Jo 15.20). Pela mesma razão o apóstolo Pedro também escreve aos fiéis: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando” (1Pe 4.12,13). Quanto mais a trajetória da igreja passa por sofrimento, tribulação e luta, tanto mais é necessária a paciência (Ap 13.10).
Contudo, precisamente o fato de que o Senhor faz crescer a paciência na aflição, na luta e no sofrimento faz parte das experiências de fé maravilhosas dos filhos de Deus. Perseverar com paciência na tribulação não apenas nos ajuda a sermos confirmados na vida espiritual, mas também constitui o caminho correto para experimentarmos o socorro de Deus, que nos fortifica para outros desafios da fé.



Referência:


Laubach, Fritz. Carta aos Hebreus: comentário esperança / Fritz Laubach; tradução de Werner Fuchs. -- Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2000.


Bíblia de Referência Genebra


Bíblia Revista e Atualizada

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