3/15/2009

DEUS, O MEU ESCONDERIJO

Postado por Luís Filipe de Azevedo

Texto Bíblico: Salmo 91.1, 2, 9 e 10

Este salmo não tem título certo, e não possuímos meios de saber ao certo o nome do escritor, nem a data de sua composição. Os doutores judaicos consideram que, quando o nome do autor não é mencionado, podemos atribuir o salmo ao último escritor nomeado; e, se for assim, este é outro salmo de Moisés, o homem de Deus. Muitas expressões aqui são similares àquelas de Moisés em Deuteronômio, e a evidência interna, pelas expressões idiomáticas, apontariam-no como o compositor.

Em toda a coletânea não há nenhum salmo mais alegre, seu tom é elevado e sustentado do começo ao fim, a fé é clara e seu texto é nobre.

Aquele que pode viver no espírito do salmo 91 será alguém destemido.

Aquele que tem como residência o lugar onde o Deus Altíssimo esconde seus segredos, obtém tranqüilidade em meio às preocupações.

Enquanto lia o essa famoso salmo, "perguntei" ao texto: Onde fica o esconderijo do Altíssimo? Será que existe algum lugar em que Deus esconde seus segredos capazes de trazer tranqüilidade às pessoas?

Permita-me compartilhar algumas reflexões sobre esse tema. Descobri que o esconderijo de Deus é um lugar onde podemos habitar, é uma morada, um lugar onde se pode recolher e descansar, um abrigo, um amparo, uma proteção para pernoitar.

A pessoa que está em comunhão íntima e pessoal com Deus, desfruta do privilégio de habitar nesse esconderijo. O Altíssimo deseja ardentemente que adentremos esse lugar de moradia secreta, e façamos dele nossa habitação.

O "lugar secreto" é um lugar de comunhão, de revelação de preciosos segredos, de aceitação. Ali o hóspede de Deus está protegido pela sombra protetora do Onipotente Deus, que dá segurança, paz, revigoramento e consolo eternos.

Está claro no texto que aquele que habita... descansa. Este versículo declara o tema do salmo inteiro. Aqueles que se achegam a Deus podem ter paz com ele, por mais difíceis que sejam as circunstâncias.

Este Salmo é endereçado àqueles que põem sua fé no Senhor, que vivem em comunhão plena com Deus (“habitam”) e confiam nEle para orientação e consolo.

O esconderijo é o lugar íntimo da oração, da comunhão do indivíduo com Deus. O esconderijo é o refúgio para a alma divinamente orientada. Há uma declaração de fé humana feita no primeiro verso deste salmo. Deus sempre protegerá e dará descanso àqueles que escondem em seu esconderijo.

A imagem do verso 1, o esconderijo e a sombra, é geralmente usada em outros lugares referentes ao cuidado afetuoso e atencioso de Deus pelos seus filhos. Deus tem um alojamento para nossa alma, o lugar onde devemos nos esconder e nos proteger, o único lugar onde nosso coração estará seguro.

Há uma revelação e uma promessa nos versos 9 e 10 que precisamos atentar. O texto diz: “Se você fizer do Altíssimo o seu abrigo, do SENHOR o seu refúgio, nenhum mal o atingirá, desgraça alguma chegará à sua tenda”.

Que revelação e que promessa encontramos neste texto sagrado? Vejamos primeiro a revelação e depois a promessa:

1. Deus é ou deseja ser nossa o lugar de nossa habitação espiritual - Nosso Esconderijo!!

Se o grande Deus for sua morada, mal nenhum te apanhará de surpresa e teu lar não será atingido por nenhuma desgraça! Se o Altíssimo é seu abrigo e refúgio secreto (morada, habitação) sua casa está segura, sua família não será assolada.

Deus quer que habitemos nEle. Numa linguagem figurada, Deus deseja ser seu teto, parede e alicerce. Moisés sabia disso quando disse: "Senhor", orou ele, "tu tens sido a nossa habitação desde o princípio" (Sl 90.1). Que pensamento poderoso! Deus como sua habitação! Não existe melhor proteção que essa!

Ele não tem interesse em ser um refúgio para o fim de semana, um cabana para um domingo, ou uma barraca de camping para o verão. Não cogite usar Deus como um quarto de hotel para umas férias, ou um chalé para um retiro ocasional. Ele quer você morando todo dia sob o seu teto. Agora e sempre! Ele quer ser seu endereço, seu ponto de referência; quer ser o seu lar. Ouça a promessa de seu Filho: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada" (Jo 14.23).

Para muitos, esta é uma idéia nova. Pensamos em Deus como uma deidade a ser estudada teológicamente, não como um lugar para morar. Pensamos em Deus como aquele que opera milagres, não um esconderijo para viver. Pensamos em Deus como um Criador a quem apelar, não uma casa onde residir. Mas nosso Pai quer ser muito mais. Nas palavras do apóstolo Paulo, Ele quer ser aquele em quem "vivemos, nos movemos e existimos" como diz Atos 17.28a.

2. Deus é o preservador de nossa habitação terrena

Deus não abençoa coisas, mas pessoas. Coisas são consagradas e santificadas para o seu serviço e glória do Mestre, mas não desfrutam de suas benção, de Sua proteção, do Seu descanso. O inanimado não pode receber livramento de pragas. Quando o salmista diz que “praga alguma chegará à sua tenda...” ele está falando da família, e não da casa propriamente dita. O que ocorre aqui é uma figura de alteração semântica que chamamos de metonímia, isto é, a substituição de um nome por outro em virtude de haver entre eles associação de significado. Tenda, morada, casa, se referem à família do cristão que tem Deus como seu lugar de habitação.

Entregue sua vida completamente aos cuidados do Senhor, habite nEle como seu seguro esconderijo e Ele, certamente, cuidará muito você e de sua família!

Um abraço.

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OS OLHOS DA FÉ

Postado por Luís Filipe de Azevedo

Texto Bíblico: João 20.24-29


INTRODUÇÃO

Por quê? O que isso significa? Talvez sejam essas as perguntas capazes de definir a espécie humana, haja vista que, de todas as criaturas que Deus criou, somos a única espécie que procura os por quês, a razão, a justificativa de nossa existência. Vivemos, e não medimos esforços para isso, procurando encontrar sentido para tudo que somos e fazemos. Vez por outra surgem perguntas em nossa mente, dúvidas sinceras que só surgem na mente de que pensa; de quem existe buscando um sentido para a vida. A dúvida em si é algo inevitável.
Reflita comigo na famosa frase do francês René Descartes (1596-1650), o primeiro grande filósofo racionalista: “Penso, logo existo”. Nós temos como ponto de partida da nossa vida a fé e o invisível. Mas, Descartes disse: não! O ponto de partida da vida racional é a dúvida. Ele pôs em dúvida tudo que existia. A todas as elaborações e axiomas propostos ele sempre vinha com um Será? Apenas uma coisa ele não conseguiu por em dúvida: o fato de existir, haja vista que estava pensando. Ele chegou a um absoluto racional. O mero fato de que estava tendo dúvidas e, portanto, pensando, significava que decerto existia.
A dúvida é um elemento de reflexão, uma oportunidade de chegar à verdade, à estabilidade da fé, à convicção inabalável em Deus. Tudo isso porque nos faz ir atrás da certeza, do entendimento, da espiritualidade racional e inteligente. Não há problemas, portanto, em duvidarmos. O grande problema, o grande inimigo da nossa é não é a dúvida, mas a incredulidade.
Por incredulidade entenda o oposto da fé, a recusa em buscar certeza, em saber da verdade. A incredulidade é inimiga da razão, é obstinada, presunçosa e insolente, pois se recusa a ouvir argumentos e respostas. Incredulidade é uma atitude rebelde de descrença. É se fechar à crença, não dar sequer uma oportunidade à fé, rejeitar sem dar ouvidos, não querer ouvir tal aberração do outro.
Toda dúvida é legítima e tolerada por Deus como pressuposto de não herdarmos uma fé pré-fabricada da tradição religiosa. A dúvida nos conduz à fé viva, ativa e inteligente. Em contra partida, toda incredulidade é pecaminosa, intolerável e reprovada por Deus. A vontade de Deus é que sejamos crentes, não incrédulos. Apesar de nossas dúvidas sinceras, que sejamos crentes.
Tomé é o mais famoso exemplo de incredulidade do Novo Testamento e, talvez, da história. Muitos tentam amenizar a sua situação dizendo que ele apenas duvidou, mas Jesus o chama de incrédulo. A Bíblia o chama de Tomé, correlato aramaico para o nome grego Dídimo, que significa “gêmeo”. Provavelmente ele nasceu na Galiléia e trabalhava de pescador ali. Sua vida cristã era como a maré: ora cheia, ora vazia, ora alta, ora baixa e vazante.
Ele, por vezes se mostrava corajoso, porém pessimista (Jo 11.16); demonstrava dificuldades de entender as palavras de Cristo (Jo 14.5) e quando Jesus apareceu aos discípulos pela primeira vez após sua ressurreição, estava ausente (Jo 20.24). Esse foi o principal motivo da sua falta de fé. Por não ter visto, não creu. Fé para ele significava, portanto, ver.
Era um típico cético, relutante em aceitar qualquer fato simplesmente contado por alguém. O adjetivo usado pelo Senhor Jesus para dar nome ao pecado de Tomé foi “apistós”, que traduzido é “infiel e ou incrédulo”. Termo que está sendo usado em contradição direta com outro termo, “pistós”, que se traduz por “crente, confiante e ou fiel”.
Embora Tomé fosse um dos doze, apesar de ter vivenciado todas aquelas experiências do ministério de Jesus, apesar de ter visto, ouvido, e sentido todos os milagres, teve um momento de sua vida que ele foi incrédulo em relação a Cristo. Viu Jesus andar sobre as águas, ressuscitar mortos, acalmar ventos e tempestades, mas sua fé dependia do ver, do tocar, do sentir.
É a incredulidade pode pegar qualquer pessoa, mesmo aquelas que tenham vivenciado grandes milagres. O fio que divide a dúvida e a incredulidade é muito fino. E o único capaz de julgar isso é o próprio Senhor Jesus Cristo. Foi o que aconteceu naquela casa onde estavam reunidos Tomé e os outros discípulos. Momento crucial na vida dele, momento de transformação real e convicção total. Ali, a incredulidade pegou suas malas e foi embora da vida de Tomé, o que lhe proporcionou uma nova convicção.

I. O BERÇO DA INCREDULIDADE (v. 24)

Acredito que algumas atitudes de Tomé contribuíram com sua falta de fé. Em primeiro lugar, foi o isolamento. Os dez discípulos, depois da morte de Jesus, no primeiro dia da semana, à tarde, se reuniram com medo e tristeza no coração para se consolarem como é costume dos enlutados, porém Tomé se isolou, preferiu ficar só, com sua tristeza, com suas dúvidas, com seus costumeiros questionamentos. O que ocorreu? Jesus apareceu na casa onde estavam reunidos os dez, e Tomé não o viu ressuscitado. No isolamento a dúvida parece aumentar, Seria ele o verdadeiro Cristo?
No escuro da alma, a dúvida se torna desesperança. A luz se esvai na escuridão, a fé esmorece na masmorra fria e úmida em que a alma solitária se encontra. Tomé era melancólico e depressivo. Tudo isso contribuiu com sua incredulidade.

II. A INCREDULIDADE REQUER EVIDÊNCIAS (v. 25)

A dúvida verdadeira nunca se afasta dos fatos, para onde quer que eles levem. Perseguem a verdade com teimosia. Porém, a incredulidade latente, a falta de fé, exige evidência como condição de aceitação de verdade daquilo que se afirma. É a máxima do incrédulo o “ver, para crer”. Se não vejo, não pode ser verdade, se não toco, se não sinto, não pode ser verdade. Tomé encabeça o grupo daqueles que baseiam sua fé, se é que podemos chamar isso de fé, nos sentidos humanos, nas provas, nas suas próprias experiências. Fecha-se ao testemunho dos amigos, não é capaz de receber nada de Deus através de ninguém, não confia em ninguém além de si mesmo.
Os discípulos por certo se acotovelaram para dar a notícia ao amigo ausente. Esperavam ver como ele reagiria. E o cético, diz: “só acredito, vendo; só acredito, tocando. Vocês me desculpem, mas não basta a palavra de vocês como prova. Se vocês não se importam, quero ver primeiro antes de crer”.
Há quem diga que Tomé foi honesto com sua fé, por essa razão não merece ser criticado ou condenado por sua incredulidade, pois queria descobrir a verdade por si mesmo. Mas, só dizem isso aqueles que não atentaram para a repreensão de Jesus. Tomé tinha muitas razões para acreditar nos seus amigos, e não ser incrédulo; ele andara com eles por três anos juntos, vivenciando tudo juntos, mas insistiu em querer mais evidências. E não sabia ele que estava sendo infiel quanto à sua fé em Cristo.

III. JESUS REPREENDE TODA INCREDULIDADE E DEVOLVE UMA FÉ VIVA NELE (v. 26-27)

A incredulidade de Tomé se mostrou um tanto quanto presunçosa e insolente, pois ele não apenas decidiu simplesmente não acreditar nos seus amigos que testificaram, mas foi capaz de sugerir com sua audaciosa solicitação, de que tudo não passa da uma ilusão da mente deles. Eu imagino Tomé perguntando aos dez se eles tocaram em Jesus, se colocaram a mão em seus ferimentos. E os dez dizendo que não, e ele redargüindo como eles poderiam dizer terem visto Jesus.
A semana toda, por certo, eles discutiram o assunto. E, exatamente oito dias após ter aparecido aos dez, Jesus aparece novamente, mas dessa vez com um propósito especial: repreender a incredulidade da vida de Tomé. Eu acho que Jesus apareceu apenas para isso. Na mesma casa, todos estavam reunidos. Jesus se dirige diretamente a Tomé e repreende toda incredulidade do seu coração. O texto não diz que Tomé tocou em Jesus, penso que não foi preciso, apenas vê-lo e ouvir sua voz foi o suficiente.
Aquele que havia pensado que os seus amigos estavam blefando, e que tudo não passava de uma ilusão de ótica, e que para que ficasse provada a ressurreição de Cristo, não bastava ver, mas tocar, sentir, agora se dá por satisfeito em contemplar e ouvir o meigo Jesus.

IV. A CONFISSÃO DE FÉ DE TOMÉ (v. 28)

Não somente isso, ele faz uma declaração que mais parece uma confissão de fé e convicção na ressurreição: “Senhor meu, Deus meu”. Era como se Tomé tivesse dito: “Realmente é meu Senhor (como eu o conheci antes de sua morte), porém agora que o vejo ressurreto também é meu Deus”. Tomé, até então um discípulo incrédulo, reafirma sua fé redescoberta com uma “convicção absoluta” da divindade de Jesus Cristo. Se é que podemos dizer, aquele foi o momento da conversão verdadeira de Tomé.

V. A ÚLTIMA BEM-AVENTURANÇA, DADA A QUEM CRÊ, MESMO SEM VER (v.29)

O que eu acho mais interessante neste texto é essa bem-aventurança, pois ela se destinava àqueles leitores que receberiam o Evangelho de João, os pioneiros e nós. Tanto os cristãos da Ásia Menor, bem como todos os cristãos espalhados por toda a terra, não tiveram o privilégio de ver o Jesus ressurreto, como o tiveram os onze apóstolos. Mas aprendemos aqui, que embora não o tenhamos visto, podemos crer Nele, assim como eles. Na verdade nossa fé seria superior à fé deles, por que cremos em quem não vimos, mas apenas ouvimos.
Todos os que cremos em Jesus Cristo somos bem-aventurados, porque não andamos por vista, mas por fé naquilo que não se vê. Depois da geração dos apóstolos todos aqueles que manifestaram fé em Cristo, a manifestaram sem ver, e para tais pessoas vale essa bem-aventurança especial de Jesus. Porque vemos o Senhor com “os olhos da fé”.
João sabendo disso escreveu o que escreveu para que, lendo e ouvindo, tenhamos fé que Jesus Cristo é o Filho de Deus e, por essa convicção, tenhamos vida em seu maravilhoso nome.

CONCLUSÃO

· Não permita que suas dúvidas se transformem em incredulidade;
· Não se isole, ficar na solitária por conta própria é sempre um passo para a melancolia, depressão e falta de fé;
· Se abra para ouvir seus amigos, seus irmãos na fé, e creia que Deus pode falar através deles para sanar suas dúvidas;
· Procure ficar em comunhão com pessoas mais fortes quando se sentir triste, desanimado e perceber que sua fé está esmorecendo;
· Coloque diante de Deus seus questionamentos; não tente enganar a Deus; seja você mesmo, mas se abra para o novo de Deus.Deus se revelará a você e você terá uma convicção inabalável Nele.

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