6/26/2007

Como Jesus me vê

Postado por Luís Filipe de Azevedo

No texto de Marcos 16.9 está escrito: "Quando Jesus ressuscitou, na madrugada do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, de quem havia expulsado sete demônios".

Gostaria de caminhar nesta mensagem refletindo a partir da observação que o evangelista Marcos faz sobre esta mulher que havia sido alcançada pelo ministério de Jesus. Lucas registra que entre algumas mulheres que receberam curas e libertações de espíritos malignos, estava Maria Madalena, e que dela fora expelidos sete demônios.

Mas o que nos chama a atenção é que apesar de Maria Madalena ter recebido tão grande libertação e salvação, apesar de demonstrar enorme gratidão ao dedicar-se em servir a Cristo, apesar de mostrar amor por Cristo com sua presença junto a cruz, enfim, ser uma mulher transformada, nos chama a atenção a constrangedora maneira como ela é identificada na referida ocasião deste texto que acabamos de ler. Aquilo que já fazia parte do passado de sua vida é resgatado de maneira pejorativa, à medida em que é reconhecida como aquela de quem foram expulsos sete demônios. Que rotulação desconfortável! O que parece é que esse rótulo, essa pecha, lhe acompanhou por todos os dias de sua vida.

E isso deve ter feito Maria Madalena sofrer muito, pois se foi registrado tal título dado a ela é por que ela deve ter sido tratada assim pelos que a rodeavam por bom tempo, tal qual Simão, que era conhecido como O Leproso. Quão terrível é a natureza humana, essa afeição em por estereótipos, rótulos, sobre as pessoas é lastimável. Mesmo que não chamamos alguém por apelidos, se em nosso inconsciente guardamos preconceitos das pessoas, algo que tem a ver com o passado delas, talvez um pecado, talvez um defeito, ou talvez um experiência de derrota que tiveram no passado, isso também é desagradável e as vezes manifestados, não por palavras, mas por olhares e gestos.

O que eu quero mostrar aqui é que temos uma mania de enxergar as pessoas no presente lembrando o seu passado, olhamos para elas preconceituosamente, não permitindo que a nova maneira de viver dela apague de vez com o passado. Mas, por que lembrar o passado negro de alguém, o que isso vai acrescentar a vida dela?

Deixe-me ir mais longe, por que julgamos as pessoas pela aparência, pela cultura, pelo lugar onde mora, pela roupa que veste, pelo vocabulário que usa, pelo status; por que fazemos completamente o contrário de Jesus?

Jesus não se relaciona conosco com alcunhas pejorativas, Ele não faz referência a nossa pessoa com preconceitos inconseqüentes e inconvenientes. Pois se assim fizesse, seria conhecido através de diversos estereótipos chulos. Eu e você. Já pensou, ser chamada de fulana, a iracunda, ciclana, a rebelde, ou fulano, o preguiçoso, ciclano, o inconstante, o mentiroso.

Mas não é assim que somos tratados por Jesus. Como Ele olhava Maria Madalena?

Ele a via como uma nova criação de Deus;
Ele a via como alguém digna de ser eleita a primeira testemunha da sua ressurreição e portadora desta mensagem;
Ele não a julgava pelo seu passado, mas como alguém absolvida por viver o presente em Sua presença.

Lembre sempre de 2Co 5.17: Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo.

No serviço, junto à cruz, junto ao sepulcro, Maria sempre estava diante de Cristo. Por essa razão recebeu a honra de ser a primeira pessoa a quem o Cristo ressuscitado apareceu.

Nós desconhecemos a infinitude do perdão de Deus. Seu perdão é mais alto, amplo e profundo do que podemos imaginar. Mesmo com um passado perverso e horrível, aqueles que servem a Jesus podem ser vistos e aceitos por Deus como filhos amados. Sabe quem eu sou, um pecador que oi amado por um Deus perdoador capaz de tornar-me seu filho.

Pedro nos dá um conselho em 1Pe 1.22-23:

Agora que vocês purificaram a sua vida pela obediência à verdade, visando ao amor fraternal e sincero, amem sinceramente uns aos outros e de todo o coração.

Vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente.


Um abraço,
Luís Filipe

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6/20/2007

Ouça a Deus, o Outro e o Mundo

Postado por Luís Filipe de Azevedo

Ouvir nunca é demais! É o que está escrito na epístola de Tiago (1.19-20). O ouvido é um órgão espetacular do corpo humano, sendo responsável pela audição, um dos cinco sentidos do homem.

Não obstante, há pessoas que nascem deficientes nessa área do corpo, o que é chamado de surdez involuntária. Porém, lamentavelmente, existem também aqueles que sofrem de surdez deliberada, voluntária, que é um tipo de surdez insensata e pecaminosa.

Tiago nos exorta a que sejamos “rápidos”, “prontos”, para ouvir e “tardios”, “demorados”, para falar (1.19), mas isso não é tão fácil assim. Porque nós somos muito mais dados a falar que ouvir alguém falando. Precisamos aprender ouvir, devemos ser mais ouvintes. Mas, a quem devemos ouvir?

Em primeiro lugar, precisamos ouvir a Deus. O nosso Deus é um Deus que fala. Falou no passado (época do Antigo Testamento e Novo Testamento), e continua falando hoje. Mas como na época de Jeremias, hoje os homens se recusam ouvir a voz do Senhor (Jr 13.10).

Hoje, Deus fala através das Escrituras, que podem ser tanto lidas como ouvidas. Ao mundo moderno, Deus fala aquilo que já falou uma vez no passado, e quem lê a Bíblia, lê a Palavra de Deus e quem ouve a Bíblia, ouve a Palavra de Deus. Devemos, portanto, seguir o exemplo de Maria de Betânia, que “quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos” (Lc 10.39).

Em segundo lugar, precisamos ouvir o outro. A comunhão é dependente da comunicação, do diálogo. O diálogo é importantíssimo e só acrescenta a nossos relacionamentos, fazendo com que amadureçam e progridam.

Esse diálogo primeiro se desenvolve no lar, depois no trabalho, e ainda na comunidade e principalmente na igreja. Nossos pais precisam ser ouvidos, nossos patrões e amigos de trabalho também, bem como nossos vizinhos, governantes e autoridades e, também, nossos líderes espirituais e irmãos da igreja.

Em terceiro lugar, precisamos ouvir o mundo. Ouvir seus clamores, seus sofrimentos e suas dores, suas frustrações. Temos que perscrutar os problemas do mundo, ouvir aqueles que sofrem sem ao menos ter ouvido falar de Jesus. Mas será que, não é melhor falarmos de Jesus e com certeza solucionaremos esse sofrimento? Não. É preciso ouvir antes de falar, pois ouvindo sondamos o problema e, então, depois tentamos resolve-lo.

Depois, temos que ouvir também os pobres, necessitados e oprimidos. A justiça social é responsabilidade da igreja. O poeta disse em Provérbios vinte um, treze: “O que tapa o ouvido ao clamor do pobre também clamará e não será ouvido”.
Um abraço,
Luís Filipe

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6/19/2007

Bíblia, Palavra de Deus Para Nós

Postado por Luís Filipe de Azevedo


Quando abrimos a Bíblia, abrimos um dos livros mais lidos de toda história da humanidade. Milhões e milhões de pessoas procuram aqui dentro um sentido para a sua vida e o encontram. Se não o encontrassem, a Bíblia não teria chegado até nós, haja vista ser um livro tão antigo, e não teríamos nenhum interesse por essas escrituras.

Em todas as épocas, sobretudo em épocas de crise, nos voltamos para a Bíblia e nos alimentamos dela. Isso, porque acreditamos que a Bíblia tem a ver com Deus. A fé nos diz que ela é a Palavra de Deus para nós. E assim como o homem sente fome de pão e sede de água para alimentar seu corpo físico, ele também sente fome e sede de ouvir a Palavra de Deus. “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4).

Uma palavra tem a força e o valor daquele que a pronuncia. Uma palavra nossa, palavra humana, pode errar e enganar, pois o homem é fraco e não oferece uma segurança total de tais palavras. Mas a palavra de Deus não erra nem muito menos engana. Como prego seguro e firme, ele sustenta a vida de quem nela se agarra e por ele se orienta. Pois, “toda escritura inspirada por Deus é útil para instruir e refutar, para corrigir e formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para toda espécie de boas obras” (1Tm 3.16).

A Bíblia não caiu pronta do céu. Ela é o resultado final de uma longa caminhada de Deus com os homens e dos homens com Deus. Um Deus que quer o bem dos homens. Os homens que querem conhecer e praticar a vontade de Deus. Ou seja, a Bíblia é fruto de um trabalho conjunto que durou muito tempo de um povo que procurava descobrir, praticar, escrever e transmitir a Palavra de Deus presente na vida.

A Bíblia não é um código de doutrinas, nem um manual de regras estabelecidas como regulamento religioso que deve ser obedecido sem raciocínio, ou muito menos um livro de dogmática teológica denominacional. Não! A Bíblia registra a história de um Deus que interage com a cultura humana. Dentro da Bíblia tem doutrina, história, provérbios, profecias, cânticos, salmos, lamentações, cartas, sermões, meditações, orações, filosofia, romances, cantos de amor, biografias, genealogias, poesias, parábolas, ilustrações, tratados, contratos, leis para organizar o povo, leis para o bom funcionamento do culto; coisas alegres e coisas tristes, coisas do passado, coisas do presente, coisas do futuro.

Eu era ainda muito pequeno quando ganhei um exemplar do Novo Testamento dos Gideões Internacionais, me lembro sempre da definição quem ali está sobre a Bíblia. Diz que ela é “o mapa do viajante, o cajado do peregrino, a bússola do piloto, a espada do soldado e o guia do cristão”. Aprendia ali também que devemos ler a Bíblia para sermos sábios, crer na Bíblia para estar seguros e praticar a Bíblia para sermos santos.

Que Deus nos ajude!

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Igreja: Fria ou Quente, Morna Jamais!

Postado por Luís Filipe de Azevedo

“Eu sei o que vocês têm feito. Sei que não são nem frios nem quentes. Como gostaria que fossem uma coisa ou outra! Mas, porque são apenas mornos, nem frios nem quentes, vou logo vomitá-los da minha boca". (Apocalipse 3.15-16 NTLH)

O Senhor Jesus disse ao pastor da Igreja em Laodicéia, por meio do evangelista João, que conhecia a Igreja, e que eles não eram frios nem quentes, e que o Senhor desejava profundamente que fossem frios ou quentes. Uma coisa ou outra! Frio ou quente! Não há indícios para crermos que fosse uma expressão irônica, ou até mesmo pejorativa, mas sim um desejo sincero de vê-los tanto quentes quanto frios, menos mornos. Por quê?

Laodicéia era uma das cidades mais ricas da Ásia Menor, distava cerca de 160 km de Éfeso e 80Km de Filadélfia. Um território por muitos peregrinados, todos os viajantes passavam por ali porque Laodicéia unia três importantes estradas da época. Nesta cidade eles encontravam fontes de águas minerais. Porém, as fontes não eram normais, devido a um fenômeno a água das fontes eram mornas e eméticas (que provocam vômito) e os sedentos que delas bebiam as rejeitavam com náuseas, com nojo, pelo fato de serem mornas.

Percebemos, então, que o Senhor Jesus falar com a Igreja de Laodicéia dizendo que ela estava espiritualmente morna, assim como as águas de suas fontes e estava correndo o perigo de rejeição. Mas o que isso tem a ver com o desejo do Senhor de que fossem fria ou quente?
Para entendermos melhor esta afirmação de desejo de que fossem frios ou quentes e não mornos, precisamos recorrer ao estudo da hidrografia daquela região mais uma vez. Laodicéia era vizinha de outras duas conhecidas cidades na região. Uma ao norte Hierápolis e outra ao sul Colossos.

Hierápolis era conhecida em toda a região por suas fontes de águas frias. Era uma espécie de Oásis no verão para onde as multidões afluíam. Um pesquisador chamado Orgeon diz que, à entrada da cidade havia uma inscrição com os dizeres: “Lugar de Refrigério”.

Já Colossos ao sul era ainda mais conhecida pelas suas fontes de águas quentes, sobre as quais, se dizia possuírem poderes medicinais e terapêuticos usadas por pessoas com problemas ósseos, reumáticos, respiratórios e tantos outros. Um lugar de cura e terapia do corpo.

Quando o Senhor denunciou que a Igreja de Laodicéia que eles não eram nem fria nem quente e que gostaria que fossem fria ou quente, Ele estava querendo dizer que a Igreja perdera sua função de causar refrigério às vidas que as procuravam como as águas frias de Hierápolis e perdera a função terapêutica de alívio aos aflitos à semelhança das águas quentes de Colossos. Daí a sentença: como sois mornos – e águas mornas não possuem função nenhuma – estou a ponto de vomitar-te da minha boca. Portanto Igreja, seja fria ou quente, morna jamais!

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6/01/2007

Adão, onde estás?

Postado por Luís Filipe de Azevedo

E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus a Adão e dissel-lhe: Onde estás?
Gênesis 3.8-9


Adão e Eva no Jardim do Édem interromperam a comunhão com Deus, e então fugiram de Sua presença enquanto Este passeava no jardim quando soprava o vento suave da tarde. O pecado sempre manda embora a pureza do coração e arrebata para longe o gozo da comunhão com Deus. O pecado nos faz morrer espiritualmente, o que cumpre, imediatamente num sentido mais profundo, a conseqüência de saborear o fruto proibido.

O fruto proibido trouxe como fruto a vergonha. Mas Deus confronta o homem pecador indo ao seu encontro. O som de Seus passos pelo jardim assombra a alma pecadora, e depois Sua voz faz estremecer o coração e desnudar, vergonhosamente, os representantes da raça como fracassados diante de um desafio que podiam suportar. O esconderijo seria o melhor lugar? Fugir poderia concertar? A face (presença) de Deus, de qualquer jeito, não haveriam de encarar? Adão, onde você está?

A primeira palavra de Deus ao homem caído, demonstrando os sinais da graça, é uma pergunta, visto que para ajudá-lo precisa atraí-lo, e para atraí-lo, em vez de arrancá-lo do esconderijo, basta somente perguntá-lo: “Onde estás?”. Somente uma voz penetra aquilo que encobrimos, aquilo que tentamos esconder dos outros, aquilo que nos aperta no peito, os pecados habituais deliberados. Compare este “Onde...?” dirigido a Adão, com o inquisitivo “Por que...?” dirigido a Saulo de Tarso no caminho de Damasco (At 9.4), com o “Qual...?” dirigido à legião de demônios em Gadara (Mc 5.9), e ainda com as três interrogações feitas a Caim (Gn 4.6, 9, 10), e perceba que o principal método de Deus tratar o pecador é interrogando-o. Com Sua voz doce, Deus penetra o íntimo do ser humano e desvenda os mistérios escondidos em sua alma.

Adão, onde estás? Em outras palavras, “em que lugar você se encontra Adão?” Peço licença para responder. Adão está num terreno que não lhe era permitido; tinha acabado de invadir a única área da criação fora de seu domínio; encontrava-se num lugar sem inocência, sem santidade, sem a essência espontânea e natural do bem e do belo, longe do perfeito relacionamento com o Pai. Está no esconderejo da primeira mentira, da primeira maldade, do primeiro gole; na caverna da primeira droga, do primeiro adultério, da primeira desconfiança, do primeiro furto, enfim, está com os pés descendo o primeiro degrau da escada do inferno da ausência de Deus.

Entretanto, Deus está vindo, vem passeando pelo jardim, ouvem-se os Seus passos, vem na direção do homem, ouve-se Sua voz, vem para fazer uma pergunta: Adão, onde estás? Vem para perguntar o que está havendo; o que aconteceu; vem para dizer: Eu estou aqui, vim te ver, vim te buscar para passear comigo no jardim. Eu e você.

A pergunta do Deus Onisciente revela a sua maravilhosa graça! Adão, onde estás?

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